Questão nº 9:
Paciente de 60 anos de idade, masculino, procura hospital de atenção secundária com história de “olhos amarelados” há cerca de 4 semanas. Refere “desconforto” discreto em epigástrio e hipocôndrio direito. Nega febre. Ao exame físico, paciente emagrecido, ictérico, 4+/4+, eupneico, normocorado. Abdome plano, flácido, depressível, com vesícula biliar palpável, indolor, sinal de Murphy negativo.
Com base nessas informações, qual a hipótese diagnóstica para o caso clínico descrito?
- Pancreatite aguda.
- Colangite.
- Abscesso hepático.
- Neoplasia de cabeça de pâncreas.
Questão simples a respeito de obstrução das vias biliares.
Guarde isso aluno revalideii! Sempre que temos um paciente ictérico, com vesícula biliar palpável e ausência de dor, você sempre deve lembrar do sinal de Courvoisier-Terrier (sinal característico de obstrução das vias biliares de característica maligna).
Sendo assim, a alternativa correta é a letra “D”.
Mas vamos entender o porquê das demais alternativas estarem erradas?
A alternativa “A” traz a pancreatite aguda como opção. Durante esse quadro clínico, o paciente tende a apresentar dor abdominal moderada a intensa, náuseas, vômitos e febre (geralmente nos casos mais graves). No exame físico de abdome, é possível observar distensão do mesmo e, em alguns casos, massa palpável. Sendo assim, essa alternativa está incorreta!
A alternativa “B” cita colangite como opção. A colangite é uma inflamação do conduto colédoco e sua apresentação clássica é descrita pela tríade de Charcot (febre, dor abdominal e icterícia) e, em casos mais severos, pela pêntade de Reinolds (tríade de Charcot + hipotensão arterial e rebaixamento do nível de consciência). Dessa forma, essa alternativa também está incorreta!
A alternativa “C” fala sobre abscesso hepático. Novamente a febre e a dor estão presentes! Pacientes com abscesso hepático tende a apresentar como sintomas principais febre, dor abdominal, adinamia, anorexia e perda de peso ponderal. Por esse motivo, essa alternativa também está incorreta.
Questão nº 11:
Um adolescente de 14 anos, do sexo masculino, procura serviço médico com história de dor em joelho direito há 2 meses, com piora nos últimos dias, sem fatores de melhora. Refere queda acidental durante um jogo de futebol com os amigos, cerca de uma semana antes do início das queixas. Ao exame físico, evidenciou-se edema discreto em joelho direito, calor local, dor a palpação de região distal do fêmur, sem hiperemia. A radiografia de joelho apresenta imagem lítica em região distal do fêmur e na região proximal da tíbia, lesão em cortical com reação periosteal tipo “raios de sol” e triângulo de Codman.
Considerando o caso clínico apresentado, assinale a alternativa que contém o diagnóstico mais provável.
- Osteossarcoma.
- Artrite séptica.
- Sarcoma de Ewing.
- Artrite reumatoide juvenil.
Estamos diante de um paciente jovem com queixa de dores no joelho há 60 dias. O mesmo refere histórico de queda no futebol 1 semana antes do início dos sintomas. Local apresenta dor a palpação, calor, edema, porém sem hiperemia.
Note o achado radiográfico aluno Revalideii, uma lesão em cortical com reação periosteal tipo “raios de sol” só é observada nos osteossarcomas!
Posto isso, a alternativa correta é a letra “A”.
Questão nº 17:
Paciente de 40 anos, sexo masculino, cerca de 70 Kg, levado ao serviço de Urgência e Emergência por equipe dos Bombeiros, com relato de ter sofrido queda da laje de sua casa (cerca de 3 metros de altura) há 30 minutos. Familiar que o acompanhava relata que o paciente não possui comorbidades e não faz uso de medicações. À admissão, o paciente apresentava frequência cardíaca = 90 bpm, pressão arterial = 120 x 80 mmHg, saturação de oxigênio = 100% com oxigênio suplementar sob máscara. Conversava e respondia às perguntas do médico sem dificuldades e com frases ordenadas, mobilizava os 4 membros espontaneamente e havia abertura ocular espontânea. O paciente relata que se lembra da queda e que “bateu a cabeça no chão”. Realizou avaliação primária e secundária adequadas. Havia discreta equimose retroauricular e ferida corto-contusa de 3 cm, superficial, em região parietal direita. Exame físico do tórax e abdome sem alterações.
Na avaliação secundária foi realizada tomografia computadorizada (TC) de crânio, pescoço, tórax e abdome.
TC crânio sem contraste: discreto hematoma extradural à direita.
TC pescoço, incluindo coluna cervical, com contraste venoso: sem alterações.
TC de tórax e abdome com contraste venoso: sem alterações.
Cerca de 2 horas após o exame de tomografia, o paciente apresentava-se com abertura ocular apenas ao estímulo doloroso e fala com palavras inapropriadas. Apresentou dois episódios de vômitos, FC = 62 bpm; PA = 180 x 110 mmHg. Pupila direita em midríase e hemiparesia esquerda. Foi realizada novamente a avaliação primária, sem outras alterações além das descritas.
Com os dados apresentados, assinale a alternativa que contenha o diagnóstico, raciocínio e conduta corretos.
- O paciente apresentava, à admissão, trauma cranioencefálico moderado. Após as tomografias, evoluiu com choque hipovolêmico. Devem ser repetidos os exames de tomografia para estabelecer local da hemorragia.
- O paciente apresentava, pelo resultado das tomografias, trauma cranioencefálico moderado. Após as tomografias, evoluiu com choque neurogênico. Deve ser realizado FAST (ultrassonografia abdominal focada para o trauma) imediatamente para decidir sobre a necessidade de laparotomia exploradora.
- O paciente apresentava, à admissão, trauma cranioencefálico leve. Após as tomografias, evoluiu com hipertensão intracraniana e herniação do úncus. Deve ser realizada avaliação neurocirúrgica imediata para descompressão intracraniana.
- O paciente apresentava, à admissão, trauma cranioencefálico leve. Após tomografias, evoluiu com choque de origem indeterminada. Deve ser realizada nova tomografia do crânio para avaliar possível alteração do hematoma visualizado inicialmente.
Para respondermos essa questão temos que saber, primeiramente, qual a gravidade do TCE.
Note que o paciente não apresentou rebaixamento do nível da consciência no momento do acidente e apresenta, na avaliação inicial, Glasgow 15. Sendo assim, por mais que o sinal de Battle esteja presente, o nosso paciente apresenta um TCE leve!
Após sabermos a gravidade do TCE, o próximo passo é descobrirmos o diagnóstico.
Ao realizar o TC de crânio, é possível observar um pequeno hematoma epidural. Tal hemorragia é ocasionado pelo rompimento da artéria meníngea média e, por ser um sangramento arterial, é capaz de expandir-se de forma rápida e inesperada, podendo induzir a uma síndrome de hipertensão intracraniana em poucas horas.
Observe que, após 2 horas, o paciente apresenta deterioração neurológica, redução na pontuação na ECG, anisocoria, vômitos, queda na frequência cardíaca e aumento da pressão arterial.
O que você acha aluno Revalideii? Qual o diagnóstico provável?
Se você pensou em hipertensão intracraniana você acertou! Sendo assim, a alternativa correta é a letra “C”.
Questão nº 21:
Um homem com 58 anos de idade foi atendido em ambulatório de hospital secundário. Relatava sangramento e muco nas fezes, referia também alteração do hábito intestinal, com aumento do número de evacuações há 5 meses. O exame físico geral não apresentava particularidades e o toque retal evidenciou tumoração na parede posterior do reto, aproximadamente 7 cm acima da borda anal.
Com base nos dados apresentados, a alternativa correta sobre o exame necessário para definir a conduta a ser seguida é:
- ultrassonografia endorretal.
- ressonância nuclear magnética endorretal.
- enema baritado com duplo contraste.
- colonoscopia com biópsia.
O enunciado nos traz um paciente de 58 anos, com sangramento nas fezes e alteração do hábito intestinal a 5 meses. Ao exame físico nota-se uma tumoração a nível retal.
Percebe que estamos diante de um possível câncer colorretal aluno Revalideii? Esse quadro clínico é uma das neoplasias malignas passíveis de rastreio.
Mas como proceder diante desse caso?
Segundo a American Cancer Society, os exames de primeira linha na pesquisa do câncer colorretal são:
- Colonoscopia a cada 10 anos, e;
- Pesquisa de sangue oculto nas fezes anualmente;
Ou seja, a melhor alternativa que responde essa questão é a letra “D”, devendo o médico indicar colonoscopia com biópsia no intuito de verificar a malignidade da doença.
Questão nº 22:
Um homem com 42 anos de idade foi operado em hospital secundário com quadro de apendicite aguda com necrose e abscesso em apêndice retrocecal (Fase III), sendo realizada apendicectomia e drenagem do abscesso por incisão mediana infraumbilical. No terceiro dia de pós-operatório começou a apresentar picos diários de aumento da temperatura axilar (38,5 °C) apesar dos antibióticos prescritos (ceftriaxona e metronidazol). A incisão encontrava-se com bom aspecto, foram encontrados 15 200 leucócitos/mm3 (referência: 3 500 a 10 500) e alteração na contagem diferencial dos leucócitos, com 5% de bastonetes no sangue periférico (referência: 0 a 2%). A proteína C reativa era de 15 mg/L (referência: menor que 3). Relatava dor ao tentar fletir a coxa direita e o examinador exercia discreta pressão contrária ao movimento, a ausculta pulmonar era normal e os ruídos hidroaéreos estavam presentes.
Com base nos dados apresentados, qual é a alternativa correta sobre a conduta?
- Solicitar radiografia do abdome em pé e deitado.
- Substituir os antibióticos prescritos.
- Manter os antibióticos prescritos e avaliar novos exames após 24 horas.
- Solicitar tomografia computadorizada do abdome.
A partir do que foi dito na questão, é possível observar que estamos diante de uma complicação da apendicite aguda. Note um dado importante que o examinador nos trouxe, ao tentar fletir a coxa direita contra uma discreta pressão oposta, o paciente refere dor (sinal de Psoas positivo), nos levando a pesar em uma possível complicação nos planos mais profundos. Desse modo, vamos as alternativas:
A alternativa “A” está incorreta. A rotina radiológica de abdome aguda pode ser pedida nos casos de apendicite aguda, contudo não é o exame de escolha. Tais exames seriam interessantes em caso de obstrução intestinal, mas essa é uma complicação tardia da apendicectomia e o enunciado deixa claro que os ruídos hidroaéreos estão preservados.
A alternativa “B” também está incorreta. Os antibióticos prescritos estão corretos! Quando falamos de apendicite aguda, as bactérias Gram-negativa e anaeróbias são as mais comuns e, por esse motivo, devemos utilizar antimicrobianos que cubram tais bactérias.
A alternativa “C” também está incorreta. Manter os antibióticos está correto! Mas avaliar o paciente somente após 24 horas não faz sentido. O paciente já está a 3 dias recebendo antibioticoterapia e seu quadro só está piorando (leucocitose e PCR elevada).
A alternativa correta é a letra “D”. Sim, devemos solicitar tomografia computadorizada de abdome com contraste endovenoso. Esse é o melhor exame de imagem para diagnosticar possíveis complicações intracavitárias. Ela está contraindicada somente nos casos de insuficiência renal, gestante e pacientes com histórico de hipersensibilidade ao contraste iodado.
Questão nº 23:
Mulher de 40 anos, relata queda da própria altura, após tropeçar na calçada, e cair para frente com as mãos espalmadas, com hiperextensão do punho. No momento se queixa de dor em região dorsal e radial do punho. Ao exame, presença de leve edema próximo ao processo estiloide do rádio, sem deformidade evidente do punho. Refere dor a palpação do punho, pouco abaixo da prega palmar, na direção do eixo longo do polegar, e na tabaqueira anatômica.
Dentre as alternativas abaixo, qual é a hipótese diagnóstica?
- Fratura de escafoide.
- Fratura de Colles.
- Fratura de Barton.
- Fratura de Smith.
Para respondermos essa pergunta temos que conhecer a respeito de cada fratura mencionada nas alternativas.
A fratura de escafoide é mais comumente descrita em pessoas jovens, e o seu mecanismo de trauma ocorre por meio de uma queda com os cotovelos e punhos estendidos (ângulo > 90º do punho). Os três sinais clássicos nesse tipo de fratura são:
- Dor à palpação da tabaqueira anatômica;
- Dor à palpação da tuberosidade do escafoide;
- Dor à compressão axial do polegar;
A fraturas mencionadas nas alternativas B, C e D são epônimos de fraturas do rádio distal, contudo, cada uma apresenta uma particularidade distinta. Importante mencionar que tais fraturas ocorrer mais frequentemente em crianças e idosos.
A fratura de Colles ocorre na porção do rádio distal com desvio dorsal (clássica deformidade em garfo), ocorrendo na região extra-articular.
A fratura de Barton ocorre na porção do rádio distal com traço intra-articular e subluxação do carpo acompanhando o desvio do fragmento articular, que pode ser volar ou dorsal.
A fratura de Smith, também conhecida como fratura de Colles invertida, ocorre na porção do rádio distal, na região extra-articular, por queda sobre os punhos fletidos.
E agora aluno Revalideii? Dessa maneira ficou bem mais fácil de responder não é mesmo?
A questão nos traz uma mulher “jovem” de 40 anos de idade. Além disso, refere que ao realizar o exame físico, a paciente apresenta um leve edema próximo ao processo estiloide do rádio, sem deformidade evidente do punho. Apresenta dor a palpação no punho, ao comprimir o eixo axial do polegar e na região da tabaqueira anatômica. À vista disso, fica claro que a alternativa correta é a letra “A”.
Questão nº 24:
Uma mulher com 61 anos de idade, acompanhada pela filha, foi atendida em ambulatório de hospital secundário referindo ter apresentado dor no hipocôndrio direito e vômitos por 3 dias, há 30 dias. Relatava fazer uso de metformina 500 mg, 2 vezes por dia e atenolol 50 mg por dia. Trouxe ultrassonografia que descrevia vesícula biliar com paredes discretamente espessadas e presença de colelitíase. Os exames laboratoriais evidenciaram glicemia de 120 mg/dL (referência: 75 a 99), creatinina 0,99 mg/dL (referência: 0,6 a 1,1), leucócitos 6 200/mm3 (referência: 3 500 a 10 500), não apresentava alteração na contagem diferencial dos leucócitos. Ao exame físico, o abdome estava flácido, não relatava dor à palpação, PA = 140/80 mmHg, temperatura axilar = 36,5 o C.
Com base nos dados apresentados, qual alternativa apresenta a orientação correta à paciente e à filha sobre a conduta a ser seguida?
- Indicar tratamento operatório se apresentar dor novamente.
- Tratar as doenças clínicas e realizar controle com ultrassonografia anual.
- Encaminhar ao pronto-socorro para tratamento operatório.
- Compensar melhor a glicemia e indicar tratamento operatório eletivo.
A questão nos traz uma paciente diabética e hipertensa, queixando-se de dor no HCD + vômitos há 3 dias. Após realizar ultrassonografia, confirma-se o diagnóstico de colelitíase. Exames laboratoriais se encontram normais, exceto a glicemia que está um pouco elevada.
E agora aluno Revaideii? Qual a conduta a se seguir?
Muito simples! Primeiramente o correto a se fazer é ajustar a dose de metformina com o intuito de normalizar os níveis de glicemia em jejum. Além disso, devemos indicar tratamento operatório eletivo, uma vez que a colecistectomia eletiva é indicada para todos os pacientes com colelitíase sintomática.
Dessa maneira, a resposta correta é a letra “D”.
Questão nº 30:
Paciente 65 anos, masculino, apresentando alteração do hábito intestinal. Como história familiar, apresenta pai falecido de câncer de próstata aos 70 anos, mãe falecida de câncer de colo de útero aos 80 anos, avô paterno e primo por parte de mãe falecidos por câncer de cólon com 60 e 50 anos respectivamente. Realizou colonoscopia que evidenciou lesão estenosante na junção reto-sigmoidiana, 3 pólipos em reto e 5 pólipos em sigmoide. O resultado histopatológico da lesão estenosante foi adenocarcinoma de cólon moderadamente diferenciado. Quanto aos pólipos, todos eram de natureza adenomatosa, sendo 5 tubulares e 2 túbulo-vilosos (ambos no reto).
Em qual das situações abaixo, levando em conta a história familiar e o diagnóstico, esse paciente melhor se enquadra?
- Câncer colorretal hereditário não polipoide (Síndrome de Lynch).
- Síndrome de Polipose Recessiva.
- Polipose adenomatosa familiar.
- Câncer colorretal esporádico.
Questão mais elaborada para pegar aluno desavisado.
O examinador relata o caso clínico de um paciente e o histórico familiar do mesmo. Após isso, a pergunta que fica é: “Qual das situações descritas nas alternativas se encaixa mais com o paciente da questão?”
Vamos as alternativas:
A alternativa “A” está incorreta. A síndrome de Lynch já podemos descartar rapidamente, visto que ela NÃO CURSA COM POLIPOSE INTESTINAL! Ademais disso, todos os canceres mencionados pelos parentes do paciente não entram na classificação. As neoplasias características da síndrome de Lynch são:
- Câncer de endométrio;
- Intestino delgado;
- Ureter;
- Pelve renal;
Outro fato que corrobora para a alternativa estar incorreta é o fato de que um dos familiares, portador de câncer, deve ter sido diagnosticado com a enfermidade maligna com idade inferior a 50 anos.
A alternativa “B” e “C” estão incorretas, visto que a polipose adenomatosa clássica é descrita com centenas ou milhares de pólipos colorretais, duodenais e gástricos. Já a síndrome de polipose recessiva apresenta um menor número de pólipos (10 a 99 pólipos adenomatosos), contudo, mais do que foi descrito na questão.
Dessa maneira, a alternativa correta é a letra “D”.
Questão nº 42:
Paciente do sexo masculino, 65 anos, foi atendido no serviço de urgência de um hospital com queixa de dor em flanco e fossa ilíaca esquerdos, com início há cerca de 48 horas e piora nas últimas 12 horas. Neste período, apresentou episódio febril de 38 o C, aferido em seu domicílio. Relatou apresentar divertículos do cólon há cerca de 12 anos, e que foi submetido a uma gastrectomia parcial há 1 ano por adenocarcinoma gástrico em antro, estágio IB. Apresentou relatório médico relativo a esse procedimento, no qual constava endoscopia digestiva alta com biópsia confirmando o diagnóstico histológico, tomografia computadorizada de abdome e tórax, que revelava doença diverticular em sigmoide, e colonoscopia confirmando doença diverticular em sigmoide. Ao exame físico, o paciente estava em bom estado geral, frequência cardíaca de 95 bpm, pressão arterial de 130 x 80 mmHg e temperatura axilar de 38,1 o C. O abdome estava flácido, mas doloroso à palpação profunda de flanco e fossa ilíaca esquerdos e hipogástrio. Hemograma revelou leucocitose de 16 000/mm3 (referência: 9 000 – 11 000/mm³) com 10% de bastões (referência: 0 – 5%). O paciente relatou estar preocupado pela possibilidade de ser um “retorno do câncer”. O exame complementar e explicação para confirmação do diagnóstico nesse momento é:
- Colonoscopia, que poderá diagnosticar diverticulite aguda ou neoplasia maligna do cólon.
- Tomografia por emissão de pósitrons acoplada à tomografia computadorizada (PET-TC), que poderá identificar recidiva da neoplasia maligna.
- Tomografia computadorizada de abdome com contraste venoso, que poderá identificar e mensurar complicações da diverticulite aguda do cólon.
- Radiografia de abdome em decúbito dorsal e posição ortostática e radiografia de tórax em incidência ântero-posterior, que poderão diagnosticar diverticulite aguda do cólon.
Questão longa, mas de fácil resolução.
Note que estamos diante de um paciente com febre, dor em flanco e fossa ilíaca esquerda. Além disso, apresenta leucocitose com desvio a esquerda. Paciente apresenta histórico de câncer gástrico e doença diverticular.
Guarde isso aluno Revalideii… Dor em fossa ilíaca esquerda, até que se prove ao contrário, é diverticulite!
Mas e agora? Qual o exame deve ser solicitado nesse caso?
O exame de escolha para o diagnóstico de diverticulite é a tomografia computadorizada com contraste endovenoso. A partir deste exame é possível classificar a diverticulite em 4 estágios (Classificação de Hinchey), além de servir como guia de tratamento.
Sendo assim, a alternativa correta é a letra “C”.
Questão nº 52:
Um homem, com 72 anos de idade, foi tratado por equipe de atendimento pré-hospitalar após ser resgatado de pequeno quarto sem janelas, em prédio onde ocorreu incêndio com combustão de material plástico inflamável, havia fumaça no local. Apresentava rouquidão, havia fuligem no escarro, os cílios e as sobrancelhas estavam queimados; foram evidenciadas queimaduras de segundo e terceiro graus na região anterior do tronco, membro superior direito e face.
Com base nos dados apresentados, assinale a alternativa que apresenta a prioridade para o atendimento inicial da vítima.
- Retirar roupas e adereços, resfriar com água fria para interromper o processo de queimadura.
- Controlar efetivamente a via aérea com intubação traqueal.
- Cobrir a área queimada com campo estéril para auxiliar no alívio da dor.
- Obter acesso venoso para hidratação e analgesia.
Questão clássica sobre manejo dos queimados.
Lembre-se sempre disso aluno Revalideii, sempre que estamos diante de um paciente que apresenta sinais de lesão por fogo em vias respiratórias e face, as vias aéreas devem ser preservadas com o auxílio da intubação orotraqueal!
Portanto, a alternativa correta é a letra “B”.
Questão nº 56:
Paciente de 60 anos de idade, masculino, procura hospital pronto-socorro com história de parada de eliminação de flatos e fezes há cerca de 1 semana. Nega vômitos. Ao exame físico, paciente em regular estado geral, desidratado, dispneico, taquicárdico. Abdome globoso, hipertimpânico, doloroso à palpação difusa, com sinais de irritação peritoneal. Toque retal com ampola retal vazia, sem fezes, sem muco, sem sangue em “dedo-de-luva”. Solicitadas radiografias de tórax e abdome, demonstrando distensão volumosa de cólon e ceco (maior que 12 cm), com níveis hidroaéreos, sem distensão de intestino delgado.
Baseado nessas informações, qual a conduta?
- Sonda nasogástrica.
- Observação.
- Laparotomia exploradora.
- Clister glicerinado.
Questão muito simples a respeito de abdome agudo.
Observe os dados da questão aluno Revalideii, estamos diante de um paciente que apresenta parada de eliminação de flatos e fezes, e que ao realizar o exame físico, apresenta irritação peritoneal difusa.
Qual o diagnóstico que você pensaria nesse caso?
Sem dúvida estamos diante de uma obstrução intestinal perfurada!
E como devemos proceder perante esse caso?
Resposta simples…Laparotomia exploradora! Dessa forma, a alternativa correta é a letra “C”.
Questão nº 63:
Paciente de 50 anos de idade, masculino, obeso, diabético, hipertenso, procura hospital pronto-socorro com queixa de dispneia aos pequenos esforços há 4 dias. Tosse não produtiva. Febre não-mensurada. Refere anosmia e ageusia. Ao exame, paciente em mal estado geral, taquidispnéico, taquicárdico, tossindo, com tiragem intercostal e supraesternal. Submetido a tomografia de tórax de urgência, demonstrando mais de 70% de imagens “em vidro-fosco” no parênquima pulmonar, bilateralmente. Saturação de O2 de 60% em ar ambiente. O médico assistente optou por internação hospitalar de urgência e subsequente intubação orotraqueal, na mesma data da internação. Duas tentativas de extubação, sem sucesso, após 2 dias de intubação.
Com base nas informações fornecidas, qual o momento para indicar uma traqueostomia para esse paciente?
- Após 2 tentativas de extubação.
- Após 10 dias de internação.
- Após 7 dias de internação.
- Após 2 dias de intubação.
Essa questão apresenta mais de uma opção correta e por esse motivo ela acabou sendo anulada. Mas vamos esmiuça-la para que você entenda melhor.
A única alternativa que está incorreta é a letra “D”, visto que apenas 2 dias de intubação não caracteriza indicação para traqueostomia.
Bom, mas quando eu devo indica-la?
A principal indicação para este procedimento é evitar a estenose subglótica, causada pelo contado do cuff com essa região por tempo prolongado. Entretanto, quando falamos de tempo limite para trocar a intubação orotraqueal para a traqueostomia, a literatura diverge um pouco, visto que a relatos de 7 até 14 dias. Dessa forma, as alternativas “B” e “C” estariam corretas. Note que essas alternativas falam INTERNAÇÃO e não INTUBAÇÃO, mas como o paciente foi intubado no primeiro dia de hospitalização, podemos aceitar esse dado como dias de intubação.
Outra indicação para a traqueostomia é após 2 tentativas de extubação, ou seja, a alternativa “A” também estaria correta.
Questão nº 69
Um lactente masculino, com 5 semanas de vida, chegou no pronto-socorro com história de vômitos em jato (sem bile) logo após as mamadas. A mãe relata que não está entendendo porque ele não está engordando. Nasceu com 3 500 g. Apesar dos vômitos, que tiveram início pouco depois do nascimento, ele demonstrava muita fome e sugava “com vontade” o leite materno, mas desde ontem está hipoativo, quase não urina e a boca está seca. O exame apresentou os seguintes resultados: P = 3 600 g, sinal da prega presente, mucosa oral seca, hipoativo, perfusão capilar em 4 segundos, massa semelhante a uma azeitona, discreta, firme, móvel, de 2 a 3 cm, palpável no fundo do lado direito do epigástrio. Sem outras anormalidades.
Considerando os diagnósticos do lactente, qual conduta médica deve ser adotada?
- Hidratação venosa e fazer US abdominal para esclarecer a suspeita diagnóstica de base que ocasionou o quadro.
- Hidratar o paciente no domicílio e solicitar acompanhamento ambulatorial com pediatra.
- Usar antiemético, fazer hidratação venosa do paciente e encaminhar para acompanhamento ambulatorial.
- Prescrever associação de fórmula para complementar o leite materno e fazer hidratação oral, plano B.
Estamos diante de um paciente pediátrico com achados clássicos de uma estenose hipertrófica de piloro. Esse quadro clínico é geralmente descrito entre a 2º e 6º semana de vida, onde o neonato apresenta vômitos no biliosos posteriores as mamadas. Durante o exame físico, é comum observar uma massa palpável a nível do epigástrio, sinais de sonolência e irritação.
Ademais, note que o paciente apresenta sinais de desidratação grave, devendo ser necessário a hidratação endovenosa, uma vez que ele não tolera nada pela via oral.
Posto isso, a alternativa correta é a letra “A”, pois a hidratação endovenosa é obrigatória e a ultrassonografia deve ser solicitada para esclarecer o diagnóstico.
Questão nº 76:
Paciente de 40 anos de idade, sexo feminino, procura unidade pública de pronto atendimento com queixa de dor em ferida operatória de ressecção de “nódulo” de 5 cm de diâmetro, na região escapular direita, há 2 dias. Ao exame, ferida cirúrgica com edema, eritema, calor e dor à palpação, associada a flutuação e exsudação em bordos da sutura.
Com base nas informações, qual a conduta propedêutico-terapêutica para essa paciente?
- Drenagem por retirada parcial de pontos.
- Ultrassonografia de partes moles.
- Punção com agulha fina.
- Antibioticoterapia oral.
Questão corriqueira no revalida a respeito de infecção do sitio cirúrgico.
Note que a paciente em questão retirou um nódulo e agora a incisão apresenta sinais flogísticos bem característicos, associada a flutuação e secreção.
Guarde isso para a vida aluno Revalideii, infecção de sitio cirúrgico superficial não é necessário prescrever antibiótico de imediato. O manejo correto é a drenagem por retirada parcial dos pontos!
Portanto, a alternativa correta é a letra “A”.
Questão nº 82:
No atendimento de urgências por queimaduras, a avaliação da extensão da superfície corporal queimada (SCQ) do paciente pode ser feita pela “regra dos nove”, diagrama de Lund e Browder e, mais recentemente, com uso de aplicativos em smartphones.
Utilizando a regra dos nove em um paciente masculino de 60 anos, pesando 50 Kg, com queimadura de 3.o grau que atinge a totalidade do membro superior direito e a totalidade do membro inferior esquerdo, tem-se, respectivamente, a superfície corporal estimada e a reposição hídrica, segundo a fórmula de Parkland, de:
- Área de 27% de SCQ e 2 700 mL administrados nas primeiras 24 horas do momento da queimadura.
- Área de 27% de SCQ e 1 350mL administrados nas primeiras 8 horas do momento da queimadura e 1 350 mL administrados nas 16 horas seguintes.
- Área 18% de SCQ e 900 mL administrados nas primeiras 8 horas do momento da queimadura e 900 mL administrados nas 16 horas seguintes.
- Área de 18% de SCQ e 1 800 mL administrados nas primeiras 24 horas do momento da queimadura.
Mais uma questão sobre manejo de queimados.
O primeiro conceito que temos que conhecer para responder essa questão é saber calcular a SCQ do paciente e, para isso, utilizamos a regra dos 9. A questão nos mostra que o paciente apresenta queimaduras em todo membro superior direito e membro inferior esquerdo, ou seja, apresenta uma SCQ de 27%.
A partir desse valor obtido, podemos calcular o volume de hidratação do paciente por meio da formula de Parkland (2 ml x SCQ x peso do paciente em quilos), obtendo como resultado 2.700 ml. Desse total, 50% deve ser administrado nas primeiras 8 horas e o restante nas 16 horas seguintes.
Por conseguinte, a alternativa correta é a letra “B”.
Importante mencionar que, em casos de queimaduras elétricas, a formula de Parkland sofre uma mudança, passando a utilizar 4 ml em vez de 2.
Questão nº 88:
Um homem com 20 anos de idade foi atendido em ambulatório de hospital secundário 7 dias após a sutura de ferimento corto-contuso no antebraço direito para retirada dos pontos. Relatava que, há 3 dias, sentia dor e a ferida encontrava-se abaulada e arroxeada. Não relatou febre no período. A incisão com aproximadamente 10 cm estava suturada com pontos simples de fio de náilon, apresentava abaulamento doloroso em toda a extensão, pouco depressível e havia equimose das bordas da ferida.
Com base nos dados apresentados, assinale a alternativa que apresenta a conduta adequada.
- Retirar todos os pontos e manter as bordas aproximadas com esparadrapo microporoso.
- Prescrever antibiótico via oral e agendar retirada dos pontos após mais uma semana.
- Encaminhar ao pronto-socorro para revisão da hemostasia com anestesia.
- Retirar alguns pontos para drenagem da ferida e agendar retorno para avaliação.
Mais uma questão sobre infecção de feridas.
Como já havia comentado com vocês, a infecção de feridas superficial não exige prescrição de antibióticos de imediato, devendo somente retirar os pontos para realizar a drenagem do local.
Mas devemos retirar alguns pontos ou todos os pontos?
O tratamento conservador é a retirada de alguns pontos aluno Revalideii! A retirada completa somente causaria uma deiscência da cicatriz, sem nenhum benefício adicional.
Dessa forma, a alternativa correta é a letra “D”.
Questão nº 89:
Um lactente masculino, de 2 meses, é levado à emergência com história de vômitos não biliosos que iniciaram com três semanas de vida e progressivamente pioraram. Há 2 dias, passou a vomitar após as mamadas e hoje o vômito está em jato. Ao exame físico, apresenta-se irritado, faminto, muito emagrecido; no epigástrio, foi observado onda peristáltica se deslocando da esquerda para direita e, após a criança vomitar, palpada à direita, também no epigástrio, massa firme e móvel com cerca de 2 cm de diâmetro.
Com base na principal hipótese diagnóstica, o distúrbio ácido-básico que se espera encontrar nesse lactente é:
- alcalose metabólica hipoclorêmica.
- acidose metabólica hiperclorêmica.
- acidose metabólica hipoclorêmica.
- alcalose metabólica hiperclorêmica.
Olha aí a estenose hipertrófica de piloro outra vez aluno Revalideii. Note todos os sinais e sintomas desse quadro clínico, não tem como você errar mais.
Agora que já sabemos o diagnóstico, vamos pensar no que a questão pede. Qual o distúrbio acido base que este paciente irá apresentar?
Pense comigo, o paciente apresenta vômitos a repetição e, ao realiza-los, acaba perdendo ácido clorídrico, ou seja, acaba deixando os organismos menos ácido (alcalino). Além disso, qual o principal ácido a nível estomacal? Se você respondeu ácido clorídrico acertou! Sendo assim, o paciente irá apresentar alcalose metabólica hipoclorêmica.
Alternativa correta é a letra “A”.
Questão nº 91:
Uma mulher com 45 anos de idade foi atendida em unidade básica de saúde referindo que, há 4 meses, foi realizada drenagem de abscesso perianal em pronto-socorro e, desde então, tem apresentado saída ocasional de secreção fétida por lesão dérmica no local. O exame físico evidenciou orifício cutâneo com saída de secreção amarelada à compressão, localizado anteriormente e acerca de 2 cm da borda anal.
Com base nos dados apresentados, determine a alternativa com a orientação da conduta a ser seguida.
- Encaminhar para nova drenagem em pronto-socorro.
- Encaminhar para avaliação eletiva, em ambulatório especializado.
- Prescrever antibiótico por via oral e pomada anestésica.
- Prescrever anti-inflamatório por via oral e pomada com antibiótico.
Estamos diante de uma paciente que possui histórico prévio de abcesso perianal e que, mesmo após a drenagem, apresenta saída de secreção fétida, purulenta e amarelada de um orifício cutâneo a 2 cm do borde anal.
Isso mesmo aluno Revalideii, houve a formação de uma fistula com o intuito de drenar o conteúdo purulento ao exterior.
Sendo assim, vamos as alternativas:
A alternativa “A” está incorreta, visto que a fistula não é uma urgência e por esse motivo não necessita ir ao pronto socorro.
A alternativa “B” está correta! Nesses casos, o melhor a se fazer é realizar o encaminhamento ao proctologista para que ele possa realizar a melhor conduta possível.
As alternativas “C” e “D” estão incorretas, pois o problema da questão em si não é mais o abcesso e sim a fistula. Dessa forma o antibiótico e o anti-inflamatório não necessariamente devem ser indicados pelo clinico.