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Os cistos epidérmicos, também conhecidos como sebáceos, são lesões frequentemente encontradas na prática clínica, principalmente nas regiões do couro cabeludo, pescoço e face.
- Introdução
Os cistos epidérmicos se caracterizam por uma lesão encapsulada, de crescimento lento, decorrente dos folículos pilossebáceos rompidos ou das glândulas lubrificantes associadas aos pelos ou outras estruturas cutâneas anexas. O conteúdo do mesmo é descrito como uma substância de coloração branco amarelada, de textura pastosa e, em alguns casos, o mal odor está relacionado ao conteúdo lipídico e sua decomposição por bactérias ai presentes.
Clinicamente, os cistos podem variar de tamanho, desde alguns milímetros até 5 cm de diâmetro, tendo uma consistência pastosa ou firme. Em geral, tais estruturas são móveis dentro da pele, contudo, existe situações aonde há tecido fibroso cicatricial circundante por um episódio prévio de inflamação e, nesses casos, o cisto passa a ter uma mobilidade reduzida.
- Indicação e contraindicações
O processo de exérese está indicado nos casos de lesão com achados clínicos compatíveis com cisto epidérmico. Entretanto, está contraindicado a sua realização nos casos de celulite local, distúrbios graves de coagulação e falha na tentativa de excisão mínima prévia da lesão específica.
- Procedimento de retirada
A exérese do cisto epidérmico pode ser dividida didaticamente em 7 passos, sendo eles:
- Passo 1: A anestesia local deverá ser realizada com lidocaína 1 a 2%, devendo ser aplicada com uma agulha 25G vinculada a uma seringa de 5 a 10 ml. O profissional de saúde deverá inserir a agulha lateralmente, realizando um ângulo de 45 graus, e injetar a quantidade adequada de anestésico sob o cisto. Importante ressaltar que se a ponta da agulha for inadvertidamente colocada dentro do cisto, o anestésico aumentará a pressão e fará o cisto estourar, muitas vezes espalhando o material sebáceo pela sala.
- Passo 2: Após a anestesia, deve-se preparar um campo amplo da pele com uma solução antisséptica (iodopovidona ou clorexidina), tendo como intuito diminuir o risco de infecção.
- Passo 3: Se realiza uma excisão fusiforme no local onde o cisto está contido, garantindo que o maior eixo do fuso seja paralelo a linhas de menor tensão da pele. O corte realizado não deve ultrapassar a base da derme, pois ao ser profundo aumenta as chances de punção inadvertida do cisto, ocasionando extravasamento de conteúdo e possível processo inflamatório.
- Passo 4: Realizar, de maneira cuidadosa, um plano de dissecção entre a pele e a parede do cisto. O centro da incisão fusiforme pode ser agarrado com pinças para ajudar na manipulação.
- Passo 5: Continuar a remoção até que a base da lesão esteja livre, tendo cuidado para não remover tecido normal em excesso debaixo do cisto, uma vez que isso cria um grande defeito profundo que deve ser fechado. É fundamental que ocorra a retirada completa das paredes do cisto para prevenir sua recidiva.
- Passo 6: O fechamento da ferida poderá ser realizado mediante pontos simples ou intradérmicos, ficando a critério do médico eleger o melhor método para cada situação. Caso haja defeito significativo na parte interna da ferida, a realização de um ponto profundo deverá ser cogitada.
- Passo 7: Incisar o cisto e garantir que esteja completamente vazio. Se houver qualquer espessamento ou massa em sua parede, encaminhar para análise histológica.
- Complicações
Dentre as possíveis complicações, podemos citar:
- Sangramentos;
- Infecção;
- Formação de cicatriz;
- Recidiva.
- Instruções pós-cirúrgicas
Instruir o paciente a lavar suavemente a área suturada todos os dias até a retirada dos pontos. Orientar o paciente a secar bem a área depois de lavá-la e usar uma quantidade pequena de pomada antibiótica para promover a cicatrização e evitar infecções. Instruir o paciente a não mexer, puxar ou cortar os pontos de sutura.
Os cistos epidérmicos simples que parecerem ter sido completamente excisados não costumam exigir nenhum seguimento, com exceção da remoção dos pontos de sutura. Se houver recidiva em uma data posterior, a excisão cirúrgica padrão deve ser tentada.
- Referência
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