O que o Revalida quer saber sobre depressão?

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Os transtornos depressivos são desregulações disruptivas do estado de ânimo. O transtorno depressivo maior representa a alteração principal deste grupo de doenças.

O que é depressão maior?

Depressão maior é um transtorno no qual se caracteriza por episódios determinados de ao menos duas semanas de duração, que implicam mudanças claras no afeto, cognição e funções neurovegetativas.

O transtorno depressivo maior pode aparecer em qualquer idade, porém a probabilidade se eleva notavelmente entre jovens de 18 a 29 anos. As mulheres apresentam maior incidência da doença, tendo uma relação de até 3:1 em relação aos homens.

Importante recordar que se deve sempre distinguir entre quadro de tristeza normal de um quadro de tristeza do episódio depressivo maior. Na tristeza normal não existe diminuição da autoestima, os pacientes a relacionam com uma perda que tenham experimentado e os principais elementos involucrados no processo de cura são o tempo e a lamentação.

Como diagnosticar um quadro de depressão maior?

Para que se efetue o diagnóstico de transtorno depressivo maior, devemos seguir alguns critérios, sendo eles:

  1. Cinco ou mais dos sintomas seguintes são presentes durante, no mínimo, duas semanas. Ao menos um dos sintomas deverá ser (1) estado de animo deprimido ou (2) perda do interesse ou prazer.
  2. Estado de animo deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias.
  3. Diminuição importante do interesse ou do prazer por todas ou quase todas as atividades, quase todos os dias.
  4. Perda importante de peso sem fazer dieta ou aumento de peso (modificação maior a 5% do peso corporal em um único mês).
  5. Insônia ou hipersonia quase todos os dias.
  6. Agitação ou retraso psicomotor quase todos os dias.
  7. Fadiga ou perda de energia quase todos os dias.
  8. Sentimento de inutilidade ou culpabilidade excessiva ou até mesmo inapropriada quase todos os dias.
  9. Diminuição da capacidade de pensar, concentrar ou tomar decisões quase todos os dias.
  10. Pensamentos de morte recorrente, ideias suicidas recorrentes sem um plano determinado, tentativa suicida ou um plano especifico para tal.
  11. Os sintomas causam um mal estar clinicamente significativo, deterioro social, laboral e acadêmico.
  12. Os episódios não podem ser decorrentes aos efeitos fisiológicos de uma substancia ou afetação médica.

Fatores de risco no transtorno depressivo maior

  • Temperamento: A instabilidade emocional é um fator de risco bem estabelecido para o começo do transtorno.
  • Ambientais: Os acontecimentos adversos na infância, especialmente quando são múltiplas experiencias em diversos tipos, constituem um potente conjunto de fatores de risco para o surgimento do transtorno.
  • Genético e fisiológico: Familiares de primeiro grau dos pacientes com transtorno depressivo maior tem um risco de 2 a 4 vezes maior de padecer deste mesmo transtorno do que a população geral.
  • Modificadores de curso: Todos os transtornos não afetivos maiores (ansiedade, consumo de substancias, transtorno limite de personalidade, etc.) aumentam o risco de que um sujeito desenvolva depressão.

Risco suicida no transtorno depressivo maior

A probabilidade de uma conduta suicida existe durante todo o tempo que duram os episódios de depressão maior. Homens solteiros e que vivem sozinhos estão mais relacionados aos suicídios consumados em relação a outro grupo de pacientes. A presença de um transtorno limite de personalidade aumenta notavelmente o risco de futuras tentativas suicidas.

Tratamento do transtorno depressivo maior

Antes de instituirmos um tratamento farmacoterapêutico, deve-se ter em mente se há sintomas vegetativos, tais como alteração do sono, alteração do apetite, diminuição da libido, fadiga, entre outros. Caso haja presença marcada de tais sintomas, a utilização de antidepressivos é recomendada. Entretanto, se houver presença destes sintomas de maneira suave, o tratamento recomendado seria somente uma intervenção psicoterapêutica. 

Dentre dos medicamentos utilizados, a Fluoxetina tem uma maior utilização na prática. O tratamento farmacoterapêutico deve iniciar em doses baixas, com aumento paulatino depois de 4 a 5 semanas se não houver resposta favorável. Com o intuito de minimizar os efeitos adversos, se recomenda utilizar uma dose inicial inferior a dose usual, sendo a mesma elevada após 7 dias de tratamento.

Tratamento farmacológico
Fármacos de primeira linhaDose de início (mg/dia)Dose usual (mg/dia)
Fluoxetina1020-80
Sertralina2550-200
Citalopram1020 a 60
Escitalopram510 a 20

Referência:

American Psychiatric Association. (2014). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5 (5a ed.; M. I. C. Nascimento, Trad.). Porto Alegre, RS: Artmed.

Torales J. Et al. Farmacología en Psiquiatría. 1ª ed. EFACIM. Asunción, 2019: 256 p.

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